Querida amiga Mary,
Como é que estás? Deixa-me dizer-te que eu estou devastado com a morte do meu dono. Talvez ainda não soubesse, mas é verdade!
Tal como te disse, o meu caro dono, o Sr. Joseph Brand, morreu. Como sabes, deixou um testamento para a sua irmã e ela veio cá. Pareceu-me que gostou de mim: até me achou bonito! Lembrei-me logo de ti pois ela tinha uma voz muito carinhosa como a tua...
O problema foi aquela senhora chatinha, a Sr.ª Ford, que só sabe dizer mal de mim...Ela é muito mal-educada e chamou-me "maldito pássaro"! Mas não te aflijas: ela não me faz mal! Só acho é que assim a Sr.ª Gage ficou com má impressão de mim...
Ela constatou que eu só grito "Não está ninguém em casa!" porque talvez esteja trsite ou com fome, mas a verdade é que eu sinto dor dentro de mim porque perdi um grande amigo. Mas já estou a imaginar a Sr.ª Gage comigo, bem juntinhos, numa nova casa - talvez a minha, talvez a dela. Espero que ela me venha buscar!
Muitos beijos e abraços do teu amigo,
James
Maria Miguel
Rodmell, 15 de novembro de 1880
Minha querida amiga Mary,
Como sempre também, eu gritei bem alto "Não está ninguém em casa!". Parece que a tal senhora se assustou, mas a senhora Ford abriu a porta e ela percebeu que era só eu, um bonito, grande e cinzento papagaio. A senhora até me elogiou, dizendo que sou realmente um pássaro muito bonito, mas que tenho as penas maltratadas. Pensou também se eu estaria só com fome ou estaria triste.
A senhora Ford apressou-se a contar toda a minha história para que ela pudesse saber o que se tinha passado verdadeiramente. E até me chamou "ser racional"!! Acho que me consideram um pássaro digno de um dono rico...
Agora não sei o que vai acontecer àquela pobre velhinha, coxa e míope. Saber que o irmão morreu não foi fácil, nem para mim...
Um abraço do teu amigo,
James
Miriam Cruz
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